Produzido na fábrica de Resende-RJ desde 2014, o motor HR16DE 1.6 é um dos mais populares da Nissan no Brasil, conhecido por sua eficiência, durabilidade e versatilidade. Equipando veículos compactos como o March, o Versa e até o SUV Kicks, este propulsor oferece um equilíbrio entre desempenho e economia de combustível, utilizando tecnologias modernas para otimizar a combustão e minimizar emissões.
Aplicações:
Nissan March: 2012 - 2020
Nissan Versa: 2012 - hoje (sim, os primeiros March e Versa, assim como seus motores, vieram importados, até 2014)
Nissan Kicks: 2017 - hoje
Projeto
Começando pelo bloco, do tipo open-deck, é construído em liga de de alumínio com camisas em ferro fundido, com quatro cilindros em linha e um diâmetro de 78,0 mm cada, enquanto o curso dos pistões é de 83,6 mm, resultando em um deslocamento total de 1.598 centímetros cúbicos.
Os pistões são de alumínio, otimizados para reduzir o peso e minimizar o atrito com as paredes do cilindro, enquanto que as bielas, são feitas de aço forjado para suportar altas rotações do motor sem comprometer a resistência.
O cabeçote do HR16DE é baseado em uma configuração DOHC (Duplo Comando de Válvulas no Cabeçote), o que significa que vêm montados dois eixos de comando de válvulas, um para as de admissão e outro para as de escape. Isso permite um controle mais preciso sobre o tempo de abertura e fechamento das válvulas, resultando em uma melhor eficiência volumétrica e desempenho do motor.
Para o comando da admissão, ainda vem acoplado um variador de fase do tipo "polia variável", que muda a posição deste comando de acordo com a rotação do motor, carga no pedal do acelerador, dentre uma série de outros parâmetros, para que o motor apresente um bom rendimento já em baixas rotações.
Vale lembrar que este motor sofreu apenas uma grande atualização, em 2017, para equipar o Kicks, quando ganhou o variador de fase também para o comando de escape, melhorando ligeiramente os números de desempenho, como veremos mais adiante neste artigo. O Versa de segunda geração, lançado em 2021, também ganhou este motor atualizado, que também passa a contar com nova caixa para passagem do ar para admissão, desenhada para reduzir a ressonância e o ruído gerado.
Este motor também é equipado com tuchos mecânicos, que possuem maior durabilidade, porém exigem um ajuste periódico de correção da folga das válvulas, a cada 100 mil km.
O coletor de admissão para aspiração natural do ar, é feito de plástico resistente ao calor, projetado para ser leve e otimizar o fluxo de ar para os cilindros, uma vez que a sua menor rugosidade superficial interna permite uma passagem mais fluida do ar para os cilindros.
O acionamento da borboleta do acelerador é feito de forma eletrônica, o que minimiza as perdas de combustível por vibrações do pé do motorista sobre o pedal, bem como permite um maior controle da passagem de ar, em todos os regimes de rotação e carga exigidos. Esse tipo de configuração também entrega uma maior economia de combustível com menor emissão de poluentes, o que permitiu este motor atender à norma Euro 5 de época.
O coletor de escape é construído em aço inoxidável, resistente à corrosão e altas temperaturas, garantindo durabilidade e eficiência, independente de ser abastecido com gasolina ou etanol.
A injeção de combustível é feita por sistema de baixa pressão, indireta, multiponto (MPI), sendo que, para outros mercados fora do Brasil, este motor possui uma particularidade, que é a adoção de dois injetores por cilindro, totalizando oito componentes para o correto funcionamento. Para nós, este motor vem na configuração tradicional de um injetor por cilindro, totalizando quatro.
Até a linha 2014, March e Versa dependiam de um tanquinho auxiliar para partida à frio, caso estivessem abastecidos com uma proporção de etanol acima dos 85%, e a temperatura ambiente estivesse em níveis abaixo do especificado pela montadora. Já os modelos 2015 em diante, passaram a contar com o sistema Flex Start ® de pré-aquecimento do combustível, fornecido pela Bosch.
O sistema de ignição utiliza bobinas individuais acopladas diretamente às velas de cada cilindro, com avanço de ignição controlado eletronicamente em função da carga do motor, posição do pedal e rotação do motor, permitindo maior eficiência controle mais preciso sobre o tempo de faísca.
Falando em velas de ignição, o HR16DE utiliza um modelo PLZKAR6A-11 (até 2018, posteriores usam o modelo LZKAR6AP-11D) fornecidas pela NGK, com eletrodo composto por platina (ou irídio, dependendo da especificação) com folga de 1,1 mm, conhecidas por sua durabilidade e capacidade de operar em altas temperaturas, sendo de fácil substituição e manutenção. No entanto, é recomendado uma inspeção periódica do estado destas velas, quanto à formação de corrosão que pode causar travamentos, ou ao desgaste excessivo do eletrodo.
É recomendável a substituição a cada 70 mil km, ou se a folga do eletrodo for maior que 1,45 mm, se atentando para o torque de aperto adequado, uma vez que o cabeçote em alumínio é mais propenso a sofrer danos por aperto excessivo.
O sincronismo entre os eixos de comando e virabrequim é garantido pelo sistema de corrente de distribuição com tensor hidráulico para manter o funcionamento suave e silencioso, que via de regra, dispensam substituição preventiva. Mas ainda assim, é importante fazer uma inspeção periódica, para garantir que não esteja apresentando sinais de desgaste, que podem causar ruídos e falhas na transmissão de movimento, o que pode exigir a sua substituição.
O sistema de arrefecimento utiliza um circuito fechado com líquido impulsionado pela bomba d'água, acionada pelo virabrequim através da correia auxiliar de acessórios, externa ao motor, também responsável por acionar o alternador e o compressor do ar condiconado.
O radiador, localizado na frente do motor, dissipa o calor do líquido de arrefecimento antes de recirculá-lo para o motor, podendo ter o auxílio da ventoinha, acionada eletronicamente em situações de temperaturas elevadas ou quando o carro está parado.
A válvula termostática é de ação por mola, permanecendo fechada quando o motor está frio, e iniciando sua abertura aos 82ºC, permanecendo 100% aberta à partir dos 89ºC para a passagem do fluido de arrefecimento.
De acordo com a Nissan, deve-se sempre utilizar o líquido genuíno para o arrefecimento do motor, numa proporção de 34% de líquido de arrefecimento concentrado, com 66% de água desmineralizada ou destilada, com tolerância de 5% de variação, para mais ou para menos. A primeira substituição completa deste líquido deve ser feita aos 80 mil km ou 8 anos, o que ocorrer primeiro, sendo que as próximas trocas devem ser realizadas a cada 80 mil km ou 4 anos, também o que ocorrer primeiro.
Além disso, o sistema deve ser inspecionado regularmente para verificar possíveis vazamentos ou falhas nos componentes, como a bomba d'água, radiador e mangueiras.
Números de Desempenho
Na sua primeira geração (2012 a 2017), o motor HR16DE desenvolve uma potência de 111 cv à 5600 RPM, com um torque de 15,1 kgfm à 4000 RPM, independente da proporção de etanol e gasolina utilizada, uma filosofia de calibração bem conhecida da Nissan, para equipar o Versa de primeira geração e o March durante toda a sua produção.
O interessante é que, mesmo sendo um quatro válvulas por cilindro, 87% do torque máximo já está disponível por volta dos 2000 RPM, o que é ótimo para retomadas de velocidade mais rápidas, muitas vezes sem a necessidade de reduzir marchas, tornando a condução bem mais prazerosa e confortável no dia-a-dia.
Já após sua atualização em 2017, quando ganhou o variador de fase para o comando de escape, no Kicks, a potência era de 114 cv à 5600 RPM, com um torque de 15,5 kgfm à 4000 RPM, também em qualquer combustível, sendo que em 2023, para atender às normas de emissões mais exigentes do Proconve PL-7, a potência foi reduzida para 110 cv na gasolina e 113 no etanol, à 5600 RPM, e o torque para 15,2 kgfm na gasolina e 15,3 no etanol, à 4000 RPM.
Já para o Versa de segunda geração, nas linhas 2021 e 2022 a potência era de 111 cv na gasolina e 114 no etanol, à 5600 RPM, e o torque de 15,5 kgfm à 4000 RPM, em qualquer combustível, sendo que para a linha 2023 em diante, passou a entregar os mesmos números de desempenho do Kicks, citados acima.
A taxa de compressão sempre foi fixada em 10,7:1, em todas as versões do HR16DE, assim como a rotação máxima aos 6750 RPM.
Especificações Técnicas
O óleo de motor recomendado para os primeiros motores (2012 a 2013) era o SAE 10w40, sendo que em 2014, quando foram nacionalizados, já se recomendava tanto este SAE 10w40 semissintético quando um SAE 5w30 sintético. Nos 2016 em diante, apenas o SAE 5w30 era recomendado pela montadora.
Todos os motores possuem uma capacidade total do cárter de 4,3 litros, considerando a troca do filtro, que deve ser substituído a cada troca de óleo, realizada de 10 em 10 mil km ou uma vez por ano, para condições normais de uso (para condições severas, é interessante considerar essas substituições na metade dos prazos indicados).
Aplicações para Renault
Este motor também foi fornecido para a Renault, a qual mudou a sua nomenclatura para seguir o padrão dos seus outros motores, sendo chamado de H4M, ou mais comercialmente conhecido como SCe 1.6, equipando veículos como Sandero, Logan, novo Kangoo (linha 2025), Duster, Oroch e Captur, desde 2017.
Claro que a montadora francesa teve liberdade de recalibrar este propulsor para atender às exigências de desempenho ou consumo de cada modelo do seu portfólio, entregando potência variando de 115 a 118 cv para compactos como o Sandero e Logan, além do comercial leve Kangoo, e de 118 a 120 cv para os de porte maior, como Duster, Oroch e Captur.
Especificações e capacidades de óleo também podem mudar para a os H4M Renault, sendo motores semelhantes, mas não iguais. Prova disso é a especificação das velas de ignição, que para os Renault são no modelo convencional LZKAR7A-D da NGK, diferente das já mencionadas com composto de platina ou irídio para os Nissan.
Pontos de Atenção
Este motor é bem conhecido pela sua confiabilidade e durabilidade, desde que bem cuidado e passado pelas manutenções preventivas como manda o manual do proprietário. No entanto, existem alguns relatos de ruídos excessivos, que também podem ser provenientes da transmissão.
Também deve-se ter atenção com as velas de ignição, que devem ser removidas periodicamente do cabeçote para evitar travamentos, uma vez que por terem uma alta durabilidade, podem sofrer mais com a ação da corrosão que se forma na sua rosca.
Nos motores Renault, são comuns os relatos de baixar óleo, devido ao desgaste prematuro nos anéis dos pistões, algo que não acontece nos motores Nissan, uma vez que cada montadora tem a liberdade de trabalhar com fornecedores diferentes para componentes específicos do motor, mesmo pertencendo ao mesmo projeto.
Mas de uma forma geral, os motores HR16DE são produzidos sob um alto padrão japonês de qualidade, já há mais de 10 anos no mercado, sendo considerados também bem eficientes, para a aplicação em vários modelos de veículos. Os problemas mais comuns são relativamente simples de serem resolvidos, ainda mais se detectados com antecendência, sem falar no custo de peças de reposição, na média comparado com similares de outras montadoras.
Mas e você? Compraria um carro com o motor HR16DE Nissan? COMENTE ABAIXO!!!
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